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Empreendedorismo feminino, uma força que nos alerta

Diretora de Administração e Finanças do Sebrae Nacional discute em artigo a importância e os desafios do empreendedorismo feminino
Por Margarete Coelho, diretora
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O empreendedorismo feminino no Brasil é uma força imparável, que tem transformado as realidades de mulheres, além de suas famílias e comunidades em todo o país. Apesar de enfrentarem preconceitos históricos e ainda profundamente arraigados na sociedade, as mulheres donas de negócio estão ocupando cada vez mais espaço em todos os segmentos de atividade, inclusive naqueles tradicionalmente dominados por homens.

As mulheres que decidem empreender encontram toda ordem de obstáculos que os empreendedores do sexo masculino não precisam encarar, como excesso de burocracia, falta de apoio dos agentes financeiros, sobrecarga tributária, dificuldade de acesso à inovação, entre outros. Mas, para elas, as barreiras são ainda maiores, agravadas pela cultura machista, e começam dentro de casa.

Uma pesquisa feita pelo Sebrae mostra que as mulheres contam com menos apoio dos seus parceiros e precisam comprometer quase o dobro de horas diárias nos cuidados com pessoas da família ou com a afazeres domésticos, quando comparado ao tempo gasto por homens à frente de uma empresa.

Os problemas continuam no ambiente de negócio que é normalmente mais hostil a elas. Levantamento do Sebrae mostra que 42% das empresárias presenciaram situações de preconceito contra outra mulher à frente de uma empresa e 25% já sofreram na própria pele atitudes discriminatórias. A consequência dessa realidade é que muitas empreendedoras acabam questionando a própria competência para ocupar esses espaços. O mesmo estudo revela que os homens se sentem mais confiantes na liderança de um empreendimento do que as donas de negócio. Entre as empresárias, o sentimento de segurança e autoconfiança é compartilhado por 70% das entrevistadas; para os homens, o índice chegou a 85%.

No entanto, apesar dessas barreiras, o crescimento do empreendedorismo feminino é inegável, trazendo consigo uma série de benefícios para a economia e a sociedade como um todo. As redes de empreendedoras distribuídas em todo o país têm ajudado, por exemplo, a emancipar milhares de vítimas de violência doméstica e abuso financeiro, ajudando a transformar a vida dessas mulheres e suas famílias.

Pensando nessas diferentes realidades, criamos, em 2003, o Programa Sebrae Delas que – somente nos últimos cinco anos – já atendeu mais de 14 milhões de mulheres e deu orientações e consultorias para quase 4 milhões de empresas que contam com mulheres como sócias ou proprietárias. O programa surgiu para incentivar, valorizar e acelerar a jornada de mulheres empreendedoras. Em 2024, vamos ampliar o nosso olhar para as mulheres de forma interseccional, abrangendo diversos grupos, como mulheres negras, com deficiência, periféricas, com mais de 60 anos, entre outros.

Também este ano vamos criar, no Prêmio Sebrae Mulher de Negócios, que vem sendo realizado desde 2004 e já alcançou mais de 80 mil empreendedoras, uma nova categoria para reconhecer o protagonismo de mulheres na área da inovação tecnológica.

Não há como retroagir nas conquistas que já alcançamos. Quando se colocam em movimento, as mulheres têm o poder de mudar toda a sociedade. Vamos seguir contribuindo para expandir consciências e transformar a realidade.

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