Apenas 4% das pessoas trans e travestis estão empregadas no Brasil. O dado, divulgado no início deste ano pela Associação Nacional de Travestis e Transexuais do Brasil (Antra), foi relembrado por Noah Scheffel, fundador da startup social EducaTRANSforma, um projeto de capacitação online e gratuita para pessoas trans atuarem no mercado de tecnologia, gestão e inovação.
“Eu costumo dizer que as vagas não são inclusivas; são excludentes”, diz Noah. Há poucos dias da celebração internacional do Orgulho LGBTQIAPN+, ele compartilhou sua história à frente da plataforma educacional EducaTRANSforma. Depois de sofrer transfobia na empresa que atuou por dez anos, ele decidiu que precisava empreender em algo que “mudasse a vida de outras pessoas, para que não precisassem passar pelo que passei”.
Noah conta que a startup fundada por ele surgiu para capacitar pessoas trans para o mercado de trabalho, após ter identificado que faltava conhecimento a essa comunidade. “São pessoas que, em geral, estão à margem da sociedade e não conseguem entrar no sistema”, salienta. A agenda que ele lidera é pela transformação social, fazendo uma ponte de empregabilidade entre o público-alvo e as empresas parceiras que patrocinam o projeto.
É um jogo de ganha-ganha, como analisa Noah Scheffel: as empresas parceiras contratam a consultoria da EducaTRANSforma para a construção de programas de recrutamento e processos seletivos mais equânimes e mentorias para líderes. O objetivo norteador é tornar o ambiente corporativo o mais saudável e inclusivo possível.
O empreendedor contabiliza, desde 2019, quando iniciou a primeira turma de capacitação, mais de 4 mil pessoas da comunidade LGBTQIAPN+ formadas pela EducaTRANSforma. No entanto, a lacuna da empregabilidade ainda existe. A constatação que ele faz é que as vagas afirmativas são excludentes e fomentam o turnover, ou seja, a taxa de rotatividade de colaboradores de uma empresa.
São as mesmas pessoas trans que têm acesso a essas vagas e possibilidades de atuação no mercado de trabalho. As vagas precisam ser equânimes, entender a realidade da população trans e fazer contratação intencional, não apenas afirmativa.
Noah Scheffel, fundador da startup social EducaTRANSforma
Mais empatia
Em Fortaleza/CE, Deejair de Sousa e a esposa Gessica Liberato criaram uma marca de roupas voltada a esse grupo de pessoas. O ponto de partida para o negócio se deu quando seu filho, com 16 anos, assumiu sua homossexualidade. O nome Empatia Modas transmite o desejo do casal.
Empatia não é algo que você tem, é algo que você sente. É preciso se colocar no lugar do próximo.
Deejair de Sousa, empreendedor
E, com esse propósito, eles evoluíram de Microempreendedor Individual (MEI) para Microempreendedor (ME), com ponto de vendas em um shopping na capital cearense e uma loja móvel.
Se as roupas carregam as cores do arco-íris, símbolo máximo da comunidade, Deejair leva consigo também a missão de ser um porta-voz da comunidade LGBTQIAPN+. “A loja tem literalmente um propósito. Além de levar a empatia para as pessoas, eu consegui uma certa visibilidade. Hoje sou ouvido”, diz.
Conforme explica Deejair, a demanda por emprego é uma das necessidades prementes da comunidade. “Eu entendi que o mercado de trabalho não acolhe essas pessoas, principalmente a população trans”, afirma. Para ele, empreender “com causa” é difícil, mas ressalta que sua “luta é pela empregabilidade”.
Iniciativas do Sebrae
Transcender
Projeto exclusivo para o público LGBTQIAPN+, o Transcender oferece uma trilha de capacitação de seis meses nas temáticas do Empreendedorismo, Planejamento, Finanças, Marketing Digital, Inovação e Mercado. Saiba mais em https://sites.rj.sebrae.com.br/inscricao/projeto-transceder-lgbtqiapn
Comportamento empreendedor
Tem como objetivo desenvolver o comportamento e atitudes empreendedora nos estudantes de graduação de todas as áreas do conhecimento. Neste curso, será possível estudar quais são os aspectos mais relevantes ligados ao dia a dia dos negócios, conhecerá sobre os comportamentos empreendedores e sobre a importância de planejar, realizar e exercer a liderança. Comportamento Empreendedor – Sebrae