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Conheça e experimente as delícias do Brasil com Indicação Geográfica

São 119 registros espalhados por todo o país. Além do reconhecimento pela qualidade, selo mantém vivas as tradições e aquece as economias das comunidades
Por Márcia Lopes
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Café, melão, cachaça, queijo, goiaba…você pode não saber, mas é quase certo que já consumiu algum produto com Indicação Geográfica (IG). Espalhadas por todo o país, as IG estão ganhando cada vez mais espaço e celebram as regiões produtoras e suas tradições, além de movimentarem as economias locais. Atualmente, segundo o Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), o Brasil conta com 119 registros formalizados – 91 Indicações de Procedência e 28 Denominações de Origem.

“Para conquistar uma IG é muito trabalho envolvido, estudo e cuidado com o que se produz. Na maioria das vezes, temos um número expressivo de famílias envolvidas na fabricação daquele produto e que geralmente prezam por práticas sustentáveis, trazendo renda e reconhecimento cultural para a comunidade onde vivem”, enfatiza Hulda Giesbrecht, coordenadora de Negócios de Base Tecnológica do Sebrae Nacional.

As Indicações Geográficas possuem duas funções principais: agregar valor ao produto e proteger a região produtora.

Hulda Giesbrecht, coordenadora de Negócios de Base Tecnológica do Sebrae Nacional.

IG: aspectos e regras

As Indicações Geográficas (IG) são ferramentas coletivas de valorização de produtos tradicionais vinculados a determinados territórios. Além disso, o sistema de IG promove os produtos e sua herança histórico-cultural, que é intransferível. Esse legado abrange vários aspectos relevantes: área de produção definida, tipicidade, autenticidade com que os produtos são desenvolvidos e a disciplina quanto ao método de produção, garantindo um padrão de qualidade. Tudo isso confere uma notoriedade exclusiva aos produtores da área delimitada.

Esse ativo de propriedade intelectual foi definido na Lei de Propriedade Industrial 9.279, de 14 de maio de 1996, que protege um nome geográfico com base na sua reputação, ou seja, que tenha se tornado conhecido em produzir determinado produto ou serviço ou no vínculo que uma área geográfica delimitada apresenta com a qualidade ou características de um determinado produto ou serviço. O registro é expedido pelo INPI.

Riquezas do Brasil

Curioso para descobrir – e quem sabe provar? – algumas delícias com Indicação Geográfica no Brasil? Conheça alguns exemplos abaixo:

Cachaça e de aguardente de Luiz Alves (SC)

Um dos diferenciais da aguardente de Luiz Alves é o uso do melado como matéria-prima da fermentação, no lugar do caldo de cana fresco. Além disso, são utilizadas leveduras nativas, em vez das industrializadas. Os alambiques da região trazem aromas e sabores singulares ao produto, com notas de amêndoas, mel, café e traços minerais.

A história da produção de cachaça no local, que já está na terceira geração, remonta ao início do século passado, com a colonização do município catarinense. A cachaça artesanal, inicialmente produzida em pequena escala, logo se tornou um produto relevante para o comércio da cidade, que desde 1984 realiza a Festa Nacional da Cachaça (Fenaca) e, em 2018, foi reconhecida como capital catarinense da bebida.

O prato bruscheta dell immigrato tem socol e taioba – Divulgação/TV Brasil.

Socol, o embutido das montanhas capixabas (ES)

A iguaria chegou com os italianos, foi modificada no Brasil e conquistou os paladares mais sofisticados. É na região de Venda Nova do Imigrante, no Espírito Santo, onde estão os produtores que mantêm a tradição e histórias que vieram com os seus antepassados, há 130 anos. A família Falqueto tem uma fábrica de socol artesanal há 10 anos. No processo de produção, primeiro, a carne do porco é salgada por dias, depois lavada e preparada para a maturação, onde fica pendurada em salas em temperatura ambiente para que um fungo natural da região participe do processo.

Com a fabricação do embutido, vieram os pratos que o utilizam como ingrediente. No café e adega Tio Vé, a família Falqueto criou o brioche de socol, feito com ingredientes produzidos na propriedade da família. Já no Restaurante Nossa Vida, o destaque é a bruscheta dell’immigrato, prato com polenta e socol, criado pelo chef Renato Santos.

Ouvir as histórias das origens de famílias tradicionais, como os Angelim e os Briochi, além de provar tudo o que é feito nas propriedades, participar de festas que movimentam a região são experiências que Venda Nova do Imigrante proporciona aos visitantes. O roteiro gastronômico e de paisagens exuberantes tem ainda locais de destaque, como o Khas Café. Na propriedade, além de provar o socol dos melhores fabricantes da região, é possível ter experiências sensoriais com o café que é produzido ali, além de fazer um piquenique no meio de um campo de lavanda, com vista para as serras capixabas.

Fazenda Alegria, na Bahia. Foto: divulgação.

Cacau da Bahia

Impossível falar da história da Bahia sem contar a história do cacau, principalmente no sul do estado. A região viu o auge e a decadência da matéria-prima do chocolate e agora vive uma nova fase de preocupação com a qualidade das amêndoas e dos processos de produção e trabalho.

Nas fazendas centenárias de cacau do estado, a Yrerê é uma das produtoras que decidiu investir nas amêndoas, com foco no cacau fino e orgânico. O turismo de experiência também foi outro caminho encontrado pelo proprietário, Gerson Marques, para uma nova fonte de recursos, mas também para dividir o conhecimento do que é um chocolate de qualidade. Na fazenda, o visitante conhece todas as etapas do cacau e degusta um produto único.

Depois que a vassoura-de-bruxa arrasou as plantações na década de 90, a quantidade deu lugar à qualidade. Uma das conquistas foi o selo de Indicação Geográfica Sul da Bahia, que atesta a qualidade do chocolate produzido em 83 municípios da região. O turismo do cacau também é muito procurado. Há fazendas que organizam passeios para conhecer desde a colheita ao beneficiamento do cacau e ainda se hospedar no lugar para uma experiência completa.

Compre do Pequeno

No mês em que o país comemora o Dia da Micro e Pequena Empresa – celebrado em 5 de outubro –, o Sebrae realiza uma ampla mobilização para conscientizar a sociedade brasileira sobre a importância dos pequenos negócios para a economia e para a vida da população. O movimento “Compre do Pequeno” busca incentivar as pessoas para o consumo consciente, priorizando as micro e pequenas empresas no momento da compra. O Sebrae acredita que, desse modo, cada brasileiro está dando a sua contribuição para movimentar a economia, contribuindo com a geração de empregos e com o desenvolvimento sustentável das pequenas comunidades.

“Os donos de pequenos negócios são a força que impulsiona o Brasil e são parte importante do sucesso da nossa economia, que está entre as mais pujantes do mundo”, comenta o presidente do Sebrae, Décio Lima. “Por esse motivo, o Sebrae elegeu o mês de outubro – quando se comemora o Dia Nacional da Micro e Pequena empresa – para conscientizar o consumidor brasileiro sobre a importância de valorizar os pequenos negócios no momento da compra de um produto ou serviço”, acrescenta.

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