ASN Nacional
Compartilhe

Bruno Black transforma poesia em negócios e constrói ponte entre cultura e empreendedorismo

Morador da Comunidade do Fumacê (RJ), o escritor já publicou 30 livros, venceu quase 50 prêmios e hoje vive exclusivamente da literatura
Por Luana Lima
ASN Nacional
Compartilhe

“Como um cara favelado consegue empreender seu sonho, rodar o Brasil, conquistar prêmios, eventos e lançar livros?”. A pergunta feita por Bruno Black, 44, encontra respostas na própria trajetória do autor. Poeta, escritor, produtor cultural e educador social, ele atua há mais de uma década na cena literária carioca, fortalecendo a cultura literária empreendedora.

Inicialmente, Bruno não se reconhecia como escritor. Ainda na adolescência, um amigo o incentivou a escrever e reconhecer seus textos como poemas, o que deu início a uma longa carreira. Apesar disso, levou anos até que se assumisse escritor e, mais tarde, também empreendedor. Apenas em 2015, com o lançamento do livro “Seu Aperta Gigante”, passou a viver exclusivamente da literatura.

Eu tinha uma escolha: ou iria desenvolver minhas habilidades, meus dons, ou iria morrer de fome.

Bruno Black, escritor

Nesta busca pela sobrevivência, Bruno viu o empreendedorismo como saída, uma forma de rentabilizar o talento e o obter um sustento financeiro. “Ali, virei um homem de negócios”, pontua.

Foto: Divulgação

Caminho das palavras

O primeiro passo foi valorizar quem já o acompanhava. Criou uma comunidade de leitores fiéis, os quais chama carinhosamente de “brunitos” e “brunettes”, e passou a desenvolver livros em colaboração com eles. “Faço sorteios, duetos, promovo e coloco os nomes das pessoas [nos livros]. Assim os dou visibilidade, e eles trazem esse valor financeiro”, explica.

Em 2022, o autor foi homenageado pela Câmara de Comércio e Indústria do Estado do Rio de Janeiro (CAERJ) como “Liderança Negra” fomentadora da economia local. Para Bruno, seu lema “se tens um dom, seja” virou voto de esperança para pessoas que se identificam com ele e pensam: “Se o Bruno pode, eu também posso. Se o Bruno está tentando, também posso”.

Foto: Divulgação

Resultados

Hoje, ele soma mais de 30 obras publicadas, entre livros solos, antologias e textos infantis. Neste ano, na Bienal do Livro do Rio, lançou 13 antologias e realizou uma sessão de autógrafos com dez horas de duração. Além disso, criou o projeto Clube das Palavras, iniciativa que reúne mensalmente moradores da periferia e convidados para encontros com autores, oficinas criativas e produção textual.

Bruno também integra os 45% de pessoas LGBTQIAPN+ que empreendem por conta própria no Brasil. Com apoio do Sebrae, Bruno ingressou no projeto Transcender, que busca capacitar microempreendedores individuais da comunidade queer.

O escritor explica que o programa está sendo essencial para entender como usar corretamente as ferramentas do mercado de trabalho, sem temer a discriminação. “A sexualidade não deveria ser tabu, deveria ser uma das formas de encontrar novos caminhos e, se possível, pela literatura”, compartilha.

  • afroempreendedorismo
  • empreendedorismo negro
  • literatura