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Artesãos de Alagoas produzem materiais que serão apresentados no desfile da Beija-Flor

Com o enredo ‘Um delírio de carnaval na Maceió de Rás Gonguila’, a escola foi atrás das raízes locais e levará as peças de filé para o desfile na Sapucaí
Por Redação
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O bordado filé é um dos patrimônios culturais imateriais de Alagoas, sendo reconhecido também como Indicação Geográfica (IG) pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial. No dia 11 de fevereiro, o artesanato vai estrelar no maior palco do Carnaval, o sambódromo da Marquês de Sapucaí, no Rio de Janeiro (RJ). Com o enredo “Um delírio de Carnaval na Maceió de Rás Gonguila”, a escola Beija-Flor de Nilópolis foi a fundo na cultura alagoana e vai trazer muito mais do que a história do filho de escravos que acreditava ser descendente da realeza etíope. Para isso, contou com a participação de artesãos locais para produzir as mais de 100 peças que vão compor as fantasias dos integrantes da agremiação.

“A Beija-Flor veio para Maceió e procurou por algumas pessoas da cultura. Levamos para alguns interiores, mostrando a nossa cultura popular, e eles ficaram encantados com tanta riqueza cultural”, explicou a artesã que faz parte da diretoria da Federação das Organizações da Cultura Popular e do Artesanato Alagoano (Focuarte), Lucineide Gomes Barbosa. “Foi uma alegria saber que a gente está divulgando Maceió, elevando nossa cidade, cultura popular e artesanato. Isso vai trazer mais pessoas para cá”, completa.

A artesã conta que montou uma comissão exclusivamente para atender a encomenda da Beija-Flor.

Trabalhamos com 31 mulheres e dois homens. Eu tenho foto, nome de todos que participaram desse processo. Vai vir muita coisa linda no bordado de filé. Teremos fantasias e até um carro fantástico, com peças de filé, com muita coisa bacana.

Lucineide Gomes Barbosa, artesã.

A experiência com o carnaval carioca não para por aí. O grupo de artesãos alagoanos também vai cair no samba. “Vamos sair no quinto carro da Beija-Flor. Então, pra mim, vai ser uma honra estar neste carro com os mestres da cultura popular, com a nossa mestra que é patrimônio vivo do bordado filé, a Dona Ivonete”, destaca. Lucineide também coordena o grupo produtivo Lu’Art, que produz itens como bolsas, vestuários e acessórios para a casa e conquistou o Prêmio Sebrae TOP 100 de Artesanato edição 2022 – premiação que reconhece as 100 melhores unidades produtivas de artesanato do Brasil.

Saiba mais

Os registros mais antigos do bordado filé são datados do século XVI e a sua chegada no Brasil ocorreu durante a época colonial. O bordado utiliza uma base de rede ou tecido, onde habilidosamente são confeccionados diversos pontos, cada um com nomes singulares, refletindo não apenas técnicas meticulosas, mas também uma rica herança cultural. O nome “filé” tem origem francesa, denotando a rede de fios atados em nós sobre a qual o bordado é elaborado.

Quem foi Rás Gonguila?

Nasceu em Maceió, nos primeiros anos do século XX, o menino Benedito dos Santos, era filho de escravizados e se eternizou como o rei dos carnavais Rás Gonguila. Engraxate e carnavalesco, ele foi fundador do bloco Cavaleiro dos Montes, agremiação carnavalesca que fez história em Alagoas. Na história, consta também a possível passagem de seus antecedentes, nobres africanos, pela República dos Palmares. Esses antecessores teriam fugido ao ataque dos “paulistas” e assim proporcionaram a sobrevivência da linhagem real que teve continuidade com Gonguila.

Essa será a primeira vez que o estado será homenageado no desfile das escolas de samba do Rio de Janeiro.

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