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Artesanato: uma economia tecida a mãos

A estimativa é que o segmento representa 3% do Produto Interno Bruto (PIB), com um faturamento aproximado de R$ 102 bilhões
Por Décio Lima, presidente do Sebrae
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O artesanato brasileiro é uma verdadeira manifestação cultural tecida a mãos que carregam cultura, história e aprendizado. O resultado está nos bordados de Timbaúba dos Batistas, no Rio Grande do Norte; nas Paneleiras de Goiabeiras, no Espírito Santo; no couro e no látex de Espedito Seleiro, mestre de Nova Olinda, no Ceará; ou mesmo no Acre, com a marchetaria do artesão Maqueson Silva, que aprendeu com o pai a ver possibilidades sofisticadas em peças feitas com galhos, raízes e pedaços de madeira.

Esta arte traduz a expressão daqueles que conseguem lapidar e transformar os recursos naturais típicos de cada localidade, representa expressão da cultura, além de ser um fator de identidade. O resultado desta manifestação vem carregada de resiliência dos heróis e das heroínas que resistem às adversidades. O setor engloba aproximadamente 8,5 milhões de artesãos, sendo 77% mulheres envolvidas neste fazer manual. A presença majoritária feminina resgata e preserva memória. Mulheres que criam seus filhos com o resultado da habilidade de quem sabe passar o conhecimento ao longo de gerações, como verdadeiras mestras.

Presidente do Sebrae, Décio Lima, participa da abertura da Mostra Solo Criativo, no CRAB. Foto: Manuel Fer.

Como economia do futuro, o artesanato é uma das mais tradicionais atividades laborais do ser humano, seja na dimensão daquele que mantém a cultura local viva, seja na condição de realizar um trabalho de sustento próprio ou da família. Da união dessas duas dimensões, o artesanato é a própria expressão econômica cultural no Brasil.

Compreender a importância do artesanato requer um olhar para os números que demonstram sua relevância econômica. A estimativa é que o segmento representa 3% do Produto Interno Bruto (PIB), com um faturamento aproximado de R$ 102 bilhões e movimenta cerca de R$ 20 bilhões em compras de insumos da indústria. A receita deste mercado chega a R$ 50 bilhões anual.

Pelo menos 45% dos profissionais do setor estão na categoria de Microempreendedor Individual (MEI) ou Microempresa (ME) e 20,9% estão ligados a uma associação e/ou cooperativa. Na moda, na decoração e no setor do turismo, o artesanato é estratégico na geração de oportunidades. No governo de Lula e do Geraldo Alckmin, o artesanato é reconhecido como instrumento na geração de emprego e renda. A atividade reflete um caminho econômico de desenvolvimento local e resgate da cidadania.

Ao longo dos seus 51 anos, o Sebrae vem sendo protagonista de grandes ações de apoio ao artesanato, como o TOP 100, que já beneficiou 8 mil profissionais em todo o país. Por meio do prêmio é possível identificar, nas unidades produtivas, as melhores práticas, incluindo produção, gestão e comercialização.

Outra iniciativa é o Centro Sebrae de Referência do Artesanato Brasileiro (CRAB), no Centro do Rio de Janeiro, edificado em três casarões revitalizados. O CRAB hoje abriga uma coleção de 1.700 peças, que são a expressão da cultura popular e da criatividade brasileira. Com essas ações, o Sebrae fomenta e reposiciona de forma estratégica a expressão da nossa diversidade cultural. Ao inaugurar a “Mostra Solo Criativo: uma homenagem aos artesãos do Brasil”, no CRAB, que fica em cartaz até junho, o Sebrae amplia políticas públicas de apoio ao artesanato.

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