Erica Lindoso é uma piscicultora do município de Palmeirândia, localizado na região da Baixada Maranhense. Ela sempre quis ter seu próprio negócio. Até bem pouco tempo atrás, não tinha uma visão clara de como fazer isso. Ela tinha a terra, mas ainda não havia decidido com que tipo de cultura trabalharia. Para chegar à melhor decisão, a ajuda do Sebrae foi decisiva. Essa história resume o surgimento da LS Pescados, empresa que há três anos está no mercado, apostando na abundância de água e no ecossistema que colocam a Baixada Maranhense como um dos locais mais promissores no estado para a criação de peixes em cativeiro. Junto com o sócio Manoel dos Santos, Erica produz espécies como curimatá, tambatinga e tilápia, muito procuradas na região.
“No início, eu queria apenas provar que é possível manter uma propriedade autossustentável, montar um negócio e torná-lo lucrativo. Pensamos muito em que cultura implantar. Decidimos pela piscicultura, que as pessoas diziam que era fácil. Mas percebemos com o decorrer dos meses que não era bem assim! E foi aí que encontramos o Sebrae, porque tínhamos um problema: não sabíamos como criar peixe”, conta Erica.
Para ajudá-la nos primeiros passos, o Sebrae realizou uma consultoria. Um engenheiro de pesca passou a orientar e acompanhar a propriedade, dando atenção para garantir estrutura adequada e qualidade ao pescado, em uma região que tem na pesca de espécies pela curva final de crescimento, quando o produto atinge o ponto ideal para venda.
Resolvida a parte técnica, outro problema precisava de solução: a falta de controles de gestão financeira, que se refletia diretamente nos lucros e impactava o potencial de crescimento do negócio. Ao participar do ALI Rural (uma das soluções do Sebrae), Erica aprendeu sobre como gerenciar e controlar as finanças do negócios e passou a entender a relação da lucratividade com o controle de custos.
“Nós não tínhamos nenhuma noção do significado da gestão financeira para o sucesso de um negócio. Para se ter uma ideia, vendíamos no preço que os concorrentes praticavam no mercado. Com as orientações, passamos a entender e saber quais os custos de produção do nosso negócio. Hoje, eu sei quanto custa produzir cada quilo de pescado. Sei exatamente quanto devo cobrar e qual a minha margem de lucro. E isso nos traz segurança e mais tranquilidade”, continuou Erica.
Desenvolvendo o negócio
Erica e Manoel participaram do Agro Nordeste, ALI Rural, Inova Agro e buscaram com o Sebraetec várias soluções que têm ajudado muito no desempenho do negócio, assim como ajudam vários outros empreendedores a crescer com sustentabilidade.
E assim, a LS Pescados cresceu. Em 2022, eram quatro açudes. Em 2024, a empresa começa com sete açudes e mais um sendo instalado e, com isso, contabiliza aumento na produtividade em função do maior espaço para a criação dos peixes. Também registra a adoção de tecnologias que impactam a produção e a qualidade do produto, com diminuição dos custos. Exemplos são os cuidados com os açudes, o manejo do pescado com segurança e higiene, a criação de alevinos em tanques suspensos e o uso de aeradores e probióticos para melhorar a qualidade da água. Essas melhorias se tornaram acessíveis a partir de eventos (feiras estaduais e nacionais) dos quais o casal participou, incentivado pelo Sebrae.
Implantando novas tecnologias
O tanque suspenso foi construído na propriedade de pouco mais de 17 hectares em 2022. Em material de alvenaria, é semelhante a um aquário gigante. Essa estrutura facilita ao produtor calcular os custos do projeto de maneira personalizada, dando maior controle quanto à nutrição, temperatura da água, qualidade e manejo. Essa técnica também afasta o risco de predadores. Em 2023, várias melhorias foram realizadas para otimizar o uso do tanque suspenso na propriedade. Já os aeradores são dispositivos que incorporam o oxigênio na água, auxiliando na respiração do peixe e na decomposição dos materiais orgânicos presentes no tanque. Esse dispositivo foi implantado na propriedade em 2022 e os resultados já se fazem sentir.
“Tudo o que aprendemos e implantamos só ajudou a melhorar o manejo e a qualidade do pescado. Os aeradores diminuíram nossas perdas, porque garantem a saúde do pescado e a qualidade para o consumidor. E o tanque suspenso foi uma novidade que não sabíamos direito como usar, mas aprendemos, e hoje essa inovação contribui para elevar a nossa produção”, afirma a empreendedora.
Comercialização e Lucratividade
Espécies como curimatá, tilápia e tambatinga são muito consumidas no Maranhão. Atualmente, a LS Pescados produz 18 toneladas por ano de pescado, comercializadas nas cidades de São Bento, Palmeirândia e na capital São Luís.
Erica e Manoel chegam a ter uma margem de lucro de até 60%. O negócio vai tão bem que os dois já discutem as novas etapas da expansão, com o projeto de uma agroindústria de beneficiamento de pescado. A ideia é oferecer para todo o estado não só o pescado, mas também os produtos derivados, além de preparar a empresa para atender às licitações de merenda escolar, por exemplo.
“Os dois iniciaram todo o trabalho com o Sebrae. No Inova Agro, buscaram desenvolver o negócio, utilizando programas e soluções do Sebrae, como consultorias, cursos, palestras e a participação em eventos fora do Estado. São empresários que cresceram com a gente e agora iniciam a expansão para a criação de uma agroindústria. Para nós, é um orgulho fazer parte dessa história de sucesso”, comentou Raphaela Castro, gestora do ALI Rural e do Agro Nordeste da Unidade de Negócios do Sebrae em Pinheiro.