A bem-sucedida experiência do Sebrae no estímulo ao empreendedorismo feminino pode ajudar a alavancar projetos liderados por mulheres nos países do Brics. É o que acredita Margarete Coelho, diretora de Administração e Finanças do Sebrae, que foi destaque no painel “Estratégias de Financiamento para a Agenda de Desenvolvimento do Brics”, que aconteceu neste sábado, (5), no Píer Mauá, Rio de Janeiro.
A diretora deu exemplos das boas práticas realizadas pelo Sebrae, como a criação do FAMPE, que atua como um fundo que avaliza operações de crédito para pequenos negócios, com foco especialmente em empreendedores em situação de vulnerabilidade. Segundo Margarete, as mulheres apresentam altos índices de sucesso com acesso ao crédito e suporte técnico.
“Esse nosso modelo associa garantia de crédito com capacitação empreendedora e pode ser escalado também para outros países do bloco com adaptações locais, inclusive com apoio de instituições multilaterais como o Novo Banco de Desenvolvimento”, disse ela.
No Brasil, de acordo com Margarete, o Sebrae já se articulou com organizações que estruturam fundos para mulheres negras, indígenas e periféricas, levando até elas metodologias próprias de análise e acompanhamento, respeitando a realidade de cada território.
A diretora apresentou ainda quatro estratégias concretas para governos e empresas apoiarem as mulheres empreendedoras. Entre elas está a criação de políticas públicas com metas de gênero, com a inclusão de mulheres nas políticas de crédito e desenvolvimento, instituição de metas com indicadores territoriais e étnico-raciais e atendimento prioritário nas instituições financeiras públicas.
“O que nós queremos não é mais cotas de investimento para as mulheres, nós queremos metas. Nós queremos aumentar o apetite das instituições financeiras por oferecer crédito para as empreendedoras, porque será vantajoso oferecer crédito para elas”, Margarete Coelho, diretora de Administração e Finanças do Sebrae.
A segunda estratégia é a criação de parcerias com instituições locais de apoio, como agências de desenvolvimento, cooperativas diversas e bancos comunitários. “São essas instituições que conhecem os territórios, que vivem e convivem com as dificuldades locais. E que por isso merecem a confiança destas empreendedoras, que são próximas, conhecem a realidade delas”.
A terceira estratégia seria o estímulo à criação de fintechs com propósito social, além de um espaço regulatório para testar modelos inovadores de crédito. Por último, a formação de redes de aprendizado entre países do Brics.
“Podemos compartilhar experiências, dados, metodologias, inclusive criando um observatório Brics de gênero e finanças. Por que não? Esse observatório poderia monitorar, poderia promover as boas práticas no empreendedorismo feminino”, afirmou Margarete.
São essas soluções inovadoras, segundo a diretora, que fazem a diferença. “O que nós estamos falando aqui não é apenas de acesso ao crédito. Estamos falando de acesso ao futuro. De permitir que milhões de mulheres nos países do Brics tenham meios para transformar os sentimentos em negócios, suas ideias em soluções. Construindo um novo modelo de desenvolvimento para que as mulheres não sejam apenas incluídas, mas que elas possam protagonizar”, concluiu Margarete.