O destaque do quarto dia do Case & Startup Summit 2020, que acontece de forma online e gratuita até amanhã (23), foi a participação da “máfia 99”, expressão que tem sido usada para se referir ao movimento de empreendedorismo e criação de novas startups que cresceu após a venda do aplicativo 99 para a chinesa Didi Chuxing, em 2018.
No painel “99: como o primeiro unicórnio brasileiro se tornou um celeiro de startups”, o fundador do aplicativo, Ariel Lambrecht e os ex-funcionários da startup, Adhemar Milani e Douglas Storf compartilharam a experiência deles na 99, até a empresa se tornar o primeiro unicórnio brasileiro, ao atingir o valor de mercado acima de US$ 1 bilhão.
Depois que saíram da empresa, todos criaram suas próprias startups, a partir do conhecimento adquirido na 99.Lambrecht, que atualmente é fundador de outras duas startups, ebaH e Yellow, também se tornou investidor anjo. Já Milani é cofundador e CEO da Kowi que atua no segmento de aluguel de carros para motoristas de aplicativo e Storf, é cofundador e CEO da Swap, startup que auxilia a criação de fintechs.
Confira abaixo os principais trechos:
Ariel: A gente nunca falou de criar uma máfia e nem sei se nós criamos uma máfia na verdade, mas realmente muita gente que saiu da 99 resolveu empreender. Não foi planejado, mas foi algo que surgiu naturalmente, principalmente pelo perfil de pessoas que nós fomos contratando ao longo do tempo. Éramos três sócios muito alinhados em termos de valores e isso permitiu que focássemos em trazer pessoas que até pudessem pensar diferente, possibilitando uma diversidade de pensamento, mas os valores de “cabeça de dono” se mantiveram.
Adhemar: A experiência naquele grupo permitiu percorrer um caminho que de certa forma já estava pavimentado. No meu caso, eu estava apaixonado por um problema que eu queria resolver que é a questão de melhorar a vida dos motoristas de aplicativos que não tinham carro.
Ariel: é preciso sempre tentar levantar investimentos. Então, é preciso avaliar a situação atual da empresa para saber se há uma segurança para dar um próximo passou ou até mesmo enfrentar imprevistos do mercado, como os impactos da Covid-19.
Adhemar: Para mim é manter o foco no usuário, no seu cliente. Foi fundamental estar perto desse usuário, conversando e ajudando os motoristas a instalar o aplicativo na época.
Douglas: Considero a experiência do cliente como algo importante, mas a transparência com que os assuntos foram tratados e discutidos dentro da empresa foi algo que me marcou muito. Demorou para eu entender a importância de dar esse contexto para que as decisões não se concentrem apenas no time de liderança.
Atraindo investimentos internacionais
As startups que alcançaram o topo do mercado, como a 99, só alcançaram esse feito porque conseguiram atrair investimentos para expandir os negócios, inclusive de fundos venture capital. Durante o painel “Construindo a ponte para o capital (Internacional)”, o Case & Startup Summit convidou as investidoras Renata Quintini, confudadora da Renegade Partners e Mariana Donangelo, venture partner da Kasek Ventures para contar um pouco da experiência delas no dinâmico mercado de investimentos do Vale do Sílicio, que é considerado o berço das grandes empresas de tecnologia nos EUA.
Confira abaixo os principais trechos:
Mariana: O DNA da Kasec é bem empreendedor e gostamos de investir nesses estágios bem iniciais com foco na América Latina, mas no final das contas nós procuramos esses empreendedores que vão construir empresas com impactos significativos na região. Não há uma tese de investimento focada em nenhuma vertical, mas esse denominador comum de empresas que tenham impacto em América Latina.
Renata: Temos observado o que mudou para os empreendedores. Então nós formamos a Renegade para focar no momento das empresas que têm o seu produto e o seu mercado, mas precisam de ajuda para criar um motor para escalar e dominar o mundo. Não nos importamos com o segmento da indústria e focamos no momento de vida das empresas.
Mariana: Os investidores recebem um fluxo muito grande de empresas, então é essencial que o empreendedor consiga se destacar do resto. Uma boa forma de fazer isso é chegar no possível investidor por meio dessa conexão em comum que vocês podem ter. Isso mostra o quanto é importante você saber vender a sua história e isso é um ponto de validação super forte.
Renata: Na hora de escrever o seu e-mail seja conciso e direto. Lembre-se que é um e-mail de venda. Defina as três coisas que aquela pessoa pode ouvir de você. Explique os motivos para entrar em tal mercado; apresente porque o seu time é fenomenal e quais são as suas expectativas.