Os novos caminhos para o mercado da moda e a economia digital foram temas explorados pelo Sebrae durante o InspiraMais, um dos principais eventos do país voltados à moda, inovação e à sustentabilidade. Nesta quinta-feira (27/8), a gestora de projetos do Sebrae, Josiane Minuzzi, conduziu um painel com empreendedores que conseguiram superar as adversidades da pandemia do coronavírus e registraram crescimento nas vendas com adesão de diversas estratégias.
Josiane iniciou o encontro observando que o comportamento do consumidor foi transformado com a pandemia e por isso – consequentemente – as empresas tiveram que se adaptar. “O coronavírus e seus impactos aceleraram o processo de digitalização das empresas. Estar presente no ambiente online se tornou fundamental. Diante disso, precisamos entender quais são as dores dos empresários, o que eles criaram, o que eles enxergam como um novo caminho para a moda”, afirmou.
Eli Martins, proprietária da confecção Miss Peck, confirmou a constatação da analista, dizendo que sua empresa teve que passar por mudanças de forma ágil, enfrentando os desafios da crise econômica. “A pandemia mostrou que a economia digital veio para ficar, a gente tinha um certo receio de aderir, fazia planejamentos e não investia tanto nisso. Mas tivemos que agir rápido para nos adequarmos. Com a pandemia, limitamos os gastos, tivemos que desligar muitos colaboradores, passamos por essa dor”, lamentou. A empresária relata que algumas ações como confecção e doação de máscaras colocaram o seu negócio numa posição mais próxima do cliente. “Hoje eles sabem que somos parceiros”, diz ela.
Para a dona da Miss Peck, a adesão aos meios digitais pelos micro e pequenos negócios é uma vantagem, já que com isso podem competir no mesmo ambiente que os grandes fabricantes. “Quando entramos no mercado digital, nós temos a possibilidade de estar no mesmo universo que as grandes empresas. Nossas vendas, nossos preços e nossa empresa está toda adaptada para o e-commerce. A pandemia também afetou nossas criações, nossa nova coleção tem peças pensadas exatamente para esse momento. Roupas mais confortáveis, em tecido maleáveis e adaptáveis para o home office e uma ida ao mercado, por exemplo”, pontua.
A empreendedora Renata Fontan acredita que a humanização da marca foi uma das principais mudanças implementadas na pandemia que alavancaram suas vendas. Ela é dona da Caleidoscópio, empresa com 22 anos de mercado que produz acessórios feitos à mão. Sua empresa vende para o Brasil e outros países. “O nosso foco antes do coronavírus era no atacado e exportação. Com a pandemia, decidimos investir no segmento de varejo. Fizemos um novo posicionamento nas redes sociais, com parcerias, anúncios, promoções, adoção de atendimento via Whatsapp, tornando esse atendimento cada vez mais humanizado. Percebemos que era muito delicado vender peças artesanais na pandemia, as pessoas estavam envolvidas com muitas perdas. Ao mesmo tempo, estavam todos mais sensíveis e com tempo para ouvir. Por isso contamos nossa verdade, contamos o que está por trás dos produtos da Caleidoscópio. Todas as 23 famílias envolvidas, o trabalho feito a mão, nosso carinho e cuidado com cada peça”, relembra. As mudanças deram certo e a empresa cresceu 130% desde o início do ano.
O case da RR Componentes foi apresentado pelo sócio Robson Nascimento. No auge da pandemia, a empresa percebeu que precisava rapidamente aderir às vendas online de seus produtos para as fábricas de calçados. Ao contrário de muitos que contratam pessoas para fazer essa transição para a economia digital, os empresários decidiram investir em cursos e consultorias de marketing digital. “Fizemos diversos orçamentos, os preços eram caros. Optamos por investir em cursos de marketing digital para fazer mudança com nosso próprio conhecimento.
Fizemos consultoria com o Sebrae e conseguimos desenvolver muito rápido nosso e-commerce. Em poucos dias fizemos nossas vendas online”, comenta.
Diretora do IDIT, especialista em branding e gestão de marcas, a microempreendedora Gisele Simões corrobora que a estratégia de apresentar o propósito da empresa nas redes sociais é uma excelente saída para se aproximar dos clientes e aumentar as vendas. “O consumo consciente e digital veio para ficar. Os usuários são verdadeiros detetives digitais e querem saber o que tem por trás da marca, por isso é importante rever estratégias. Há um exemplo que é muito atual: usar influenciadores que conversem com os valores da marca para realizar campanhas.
Outra dica que vejo dando muito retorno é o investimento no Instagram, na geração de conteúdo. Por exemplo, se uma marca vende sapatos femininos, ela pode compartilhar publicações sobre moda, decoração, culinária. São assuntos que conversam com aquele universo e conectam as pessoas”, orienta Gisele.
Quer tornar seu negócio digital?
Além dos cursos online gratuitos, o Sebrae disponibiliza diversos serviços para a digitalização do seu negócio o mais rápido possível. O UP Digital é um recurso que surgiu na pandemia exatamente para “alfabetizar” pequenos negócios no universo digital. A jornada online de aceleração conta com aulas e consultoria especializada. São formados grupos de empresários para troca de experiência. O analista de competitividade do Sebrae-RS, Stéphano Amarante, acrescentou, durante painel do Inspira Mais, o lançamento de plataformas como o Sua Loja Sebrae e o Mercado Azul como alternativas para os micro e pequenos negócios iniciarem sua presença no mundo digital. “Não é mais uma opção, é uma imposição posicionar-se no mundo online para potencializar as vendas”, afirmou.
Fabrício Magayevisk, sócio da Dutra Aceleração Digital indicou, de maneira prática, alguns passos que os empresários precisam realizar para atuar com eficiência no universo digital. “O primeiro passo é definir a persona, o público alvo que o site/redes sociais pretende atingir. Em seguida é necessário avaliar o site e as publicações que a empresa já fez. Há algo que posso melhorar? Em seguida, esse discurso precisa ser readequado para alcançar sucesso. É importante trabalhar uma linguagem que se aproxime do seu consumidor”, finalizou.