
A Brasil BioMarket, nome da loja colaborativa do Sebrae, será a vitrine viva do empreendedorismo sustentável e inovador durante a COP30, em Belém (PA). Entre os dias 10 e 21 de novembro, o público da conferência mundial do clima vai ter oportunidade de conhecer cerca de 250 pequenos negócios que se conectam com novas maneiras de pensar o desenvolvimento sem abrir mão do cuidado com a natureza e com as pessoas.
Os pequenos negócios selecionados são representantes de todos os seis biomas brasileiros, nos segmentos de alimentação e bebidas, moda e acessórios, artesanato e decoração, beleza e cosméticos. Além de expor e comercializar cerca de 750 produtos brasileiros, a loja quer fortalecer a economia regional, gerando emprego, renda e visibilidade para os empreendedores.
“Temos a convicção de que uma nova sociedade mais justa e integrada à natureza está nascendo, onde prevalecerão os valores da vida, sempre com inclusão. E essa vitrine que o Sebrae traz é uma amostra da economia mais verde que os pequenos negócios já promovem e que devemos fomentar”, afirma o presidente nacional do Sebrae, Décio Lima.

Bruno Quick, diretor técnico nacional do Sebrae, aponta a loja como um espaço de apresentação e valorização da bioeconomia com foco nas pessoas, revelando as riquezas dos ativos naturais que são a base de um novo modelo de desenvolvimento com “a árvore de pé”. “Quem passar pela loja Brasil BioMarket vai ter uma experiência inesquecível com a diversidade e com a exuberância dos produtos que revelam a potência dos nossos biomas. E entenderão como esse modelo gera um impacto positivo no clima”, complementa Quick.
“A COP 30 é uma oportunidade única para mostrar ao mundo a força e a criatividade dos pequenos negócios brasileiros, em especial os amazônicos. Cada produto exposto na loja colaborativa carrega identidade, propósito e inovação com base local. Elementos que traduzem o novo modelo de desenvolvimento que queremos para o Brasil”, destaca Rubens Magno, diretor-superintendente do Sebrae Pará.
A iniciativa tem ainda a participação da Associação dos Negócios da Sociobioeconomia da Amazônia (ASSOBIO), contratada para operar a loja, e da Vimer Retail Experience, que fez o desenvolvimento da marca e do conceito de varejo de experiência que o espaço proporcionará. A ideia é que os empreendedores tenham suas histórias “contadas” por meio da exposição dos produtos que a loja terá.
“Para a ASSOBIO, participar da Brasil BioMarket é uma oportunidade de mostrar ao mundo a força transformadora da sociobioeconomia. Cada produto exposto representa o trabalho de comunidades e empreendedores que vivem da floresta em pé e provam que é possível gerar renda com responsabilidade e respeito à natureza. Estar ao lado do Sebrae nesse projeto é reafirmar nosso compromisso com um modelo de desenvolvimento que valoriza os saberes locais, promove inclusão e fortalece a economia da Amazônia e dos demais biomas brasileiros”, destaca Paulo Reis, presidente da ASSOBIO.

“Cada produto da bioeconomia carrega a magia da regeneração. Ao consumir, você ativa ciclos que restauram florestas, rios e comunidades. Este projeto faz o invisível ambiental e social ganhar forma e presença e convida o visitante a assumir um papel ativo nessa transformação”, completa Camila Salek, CEO e sócia fundadora da Vimer Retail Experience.
A loja Brasil BioMarket vai funcionar em dois locais diferentes. Na Green Zone, local oficial da realização da COP30 que será aberta ao público em geral, o espaço terá 150 metros quadrados. Na En-Zone (Entrepreneurship Zone), área montada pelo Sebrae no Parque Urbano Belém Porto Futuro voltada para o empreendedorismo, a loja ocupará 200 metros quadrados. As duas funcionarão durante todos os dias da COP30, com horários das 8h às 22h (Green Zone) e das 16h às 22h (En-Zone).
NÚMEROS
- 22 estados terão produtos para venda na loja.
- Cerca de 250 empresas foram selecionadas.
- Cerca de 750 produtos serão comercializados.
Conheça empreendedores que estarão na Brasil BioMarket
A Jaty Galeria de Boa Vista (RR) vai mostrar como é possível empreender com impacto econômico e socioambiental. O pequeno empreendimento nasceu em 2022 junto com o programa Inova Amazônia do Sebrae. A empresa comercializa produtos de arte, decoração e vestimentas da Amazônia produzidas por diversas associações locais de indígenas, ribeirinhos e quilombolas. Uma das clientes do empreendimento é a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, nascida no Acre.
“Nós trabalhamos muito com a diversidade amazônica, sustentabilidade e cultura da Amazônia. As bolsas de fibras de buriti ou de arumã, por exemplo, são costuradas por mulheres indígenas, fomentando o empreendedorismo feminino. Já os colares possuem design único feitos com vários insumos da floresta”, comenta Sewbert Jati, biólogo e diretor de projetos da Jaty Galeria.
Há mais de 20 anos, ele trabalha com populações tradicionais e originárias da Amazônia. Jati conta que apesar de produzirem itens de alta qualidade e variedade, as comunidades têm dificuldade na comercialização.
“Nós adquirimos esses produtos diretamente com as associações para comercializá-los, estimulando o resgate cultural deles com essa produção. Quem compra essas peças está ajudando essas populações mais isoladas a terem uma renda e acessar recursos que são mais difíceis para elas”, ressalta.

Conexão global
A loja Brasil BioMarket também quer criar um ambiente para a formação de parcerias estratégicas entre empreendedores locais e investidores internacionais, ampliando as redes de negócios e oportunidades de exportação.
Desde que soube sobre a realização da COP30 no Brasil, a empreendedora Cecília Viveiros começou a pensar nas possibilidades de levar sua marca de produtos cosméticos naturais e veganos para o evento. A Natureza Raiz (MT) foi criada por ela, de forma artesanal em 2021, a partir de seus conhecimentos como engenheira química.
Hoje a produção é terceirizada, mas toda a formulação é feita pela empreendedora. Os óleos, manteigas e extratos são obtidos de forma sustentável e rastreável com a maioria dos fornecedores de outros estados, como Acre, Rondônia, Amazônia e Pará.
“Estar na COP30 é um grande palco devido à relevância da conferência em termos mundiais. Sem dúvida uma oportunidade de conexão e networking. Tudo que acontece ali tem uma intensidade maior”, avalia a empreendedora que já participou de feiras fora do Brasil onde a marca tem chamado muito a atenção do mercado internacional.
Os produtos da Natureza Raiz possuem certificação internacional Cosmos Ecocerti. Na loja colaborativa, os visitantes vão poder adquirir o shampoo em barra, a máscara capilar e o sérum facial shakti que tem em sua composição o extrato de mulateiro, conhecido na Amazônia como a “árvore da juventude”.
“Um diferencial considerável dos nossos produtos é que não usamos nenhuma essência sintética. São produtos biodegradáveis, não poluentes, com qualidade prime que precisam atrair cada vez mais a percepção de valor para o nosso público-alvo. É uma marca pequena que precisa de muitos investimentos para crescer”, frisou.

De olho no mercado estrangeiro
Na seção de alimentação e bebidas, a marca Frucoco de Belém (PA) vai apresentar sua água de coco envasada. Conhecida no mercado local, o pequeno empreendimento se destaca pela produção de coco sem o uso de defensivos agrícolas e aproveitamento de resíduos orgânicos para adubação.
Nossa água de coco é de alta qualidade, sem misturas e manipulação livre de contaminação. É um processo sofisticado de produção no qual o fruto é colhido no ponto ideal, a partir de uma técnica que eu descobri como agrônomo e 45 anos de experiência com a cultura do coco.
Luiz Nicácio, dono da microempresa
Com proposta para vender o produto em outros estados e fora do Brasil, em países como Caribe, EUA e China, a Frucoco quer se tornar mais conhecida durante a COP30.
“Nosso principal objetivo é a divulgação da marca por meio da degustação. Beber nossa água de coco é como se a pessoa estivesse bebendo diretamente dentro da fruta”, analisa o empreendedor que também é o responsável técnico pela produção.
Legado pós-COP30
Além do espaço físico presente na COP 30, os pequenos negócios com disponibilidade e capacidade de vender on-line também vão ter um marketplace estruturado em parceria com o Mercado Livre. A ideia é que o canal de venda digital seja mantido depois da conferência mundial e inclua mais empreendedores da bioeconomia. O objetivo do Sebrae é ampliar os canais de vendas, com a possibilidade de os produtos alcançarem todos os cantos do Brasil, e até do mundo.
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