Na véspera da COP30, em Belém, onde protocolos diplomáticos competem com a necessidade de ações pragmáticas e cada gesto pode virar um símbolo, uma cena fora da agenda resumiu melhor o debate sobre desenvolvimento sustentável do que muitos painéis oficiais. O chef e empreendedor Saulo Jennings, primeiro Embaixador Gastronômico da ONU Turismo no mundo, foi chamado para preparar o jantar servido ao presidente Lula e a líderes internacionais. Não era apenas um serviço de gastronomia. Foi o reconhecimento de que a Amazônia começa a projetar seus protagonistas para além das margens dos rios.
A trajetória de Saulo ajuda a entender esse alcance. Nascido e criado em Santarém, no oeste do Pará, ele transformou a Casa do Saulo em uma das referências gastronômicas da região. Construiu o negócio com ingredientes da floresta, gestão profissional e geração de renda local. O que começou em 2009 como um restaurante improvisado em casa, com “um fogão e dois isopores”, tornou-se um polo turístico e cultural sem perder o pé no território. É o retrato do empreendedorismo amazônico que resiste a longas distâncias e infraestrutura desafiadora.

Hoje, com sete unidades entre o Pará, Rio de Janeiro e São Paulo, sua rede gera mais de 350 empregos diretos e movimenta uma cadeia que envolve mais de 1.000 produtores e pequenas empresas locais. Ele afirma ter encontrado no Sebrae apoio constante ao longo da trajetória. “Lá atrás, no início, precisei muito do Sebrae, a quem voltei a procurar recentemente, porque estamos com uma linha nova de produtos. Agradeço pela parceria e parabenizo pelo trabalho que realiza com os pequenos negócios e com a cadeia produtiva”, disse o chef, em entrevista à Agência Sebrae de Notícias, em julho passado.
Sua mensagem vai além da gestão. Saulo afirma que seu negócio não é apenas um restaurante, mas um agente dentro da cadeia produtiva da região. “Não quero só comprar um ingrediente e vender um prato. Quero participar da cadeia. A gente usa artesanato local, apoia casas de farinha, ajuda a resgatar saberes.”
Não vim para vender pizza nem fazer um cardápio que caberia em qualquer lugar. Vim para servir a Amazônia. De forma responsável. chef e empreendedor Saulo Jennings
“A Amazônia tem que ser usada como Amazônia. É vender peixe de forma sustentável, fazer turismo de maneira responsável”, enfatiza Saulo. O empreendedor lembra que, antes de consolidar suas unidades, precisou rever fornecedores, selecionar produtos pela origem e recusar práticas predatórias. “De onde vinha o peixe que eu estava vendendo? Tenho que saber”, afirma. Segundo ele, até práticas quase esquecidas foram retomadas com a demanda dos restaurantes, como o funcionamento de casas de farinha que estavam parando de produzir.
O Sebrae na COP30
Com estande de 400 m² instalado na Green Zone, o Sebrae transforma sua presença na COP30 em uma experiência imersiva inspirada na Amazônia e na diversidade do país. Além de vitrine viva de inovação e cultura, é um espaço de diálogo e network, com sala de reuniões, auditório e loja colaborativa de produtos da bioeconomia, conectando lideranças, investidores e empreendedores.
De 10 a 21 de novembro, das 9h às 20h, a programação combina conteúdo, cultura e sensorialidade, com atrações como webséries e documentários do “PedaCine do Brasil”, apresentações culturais, degustações e harmonizações com ingredientes regionais. Acompanhe a cobertura dos pequenos negócios na COP30 pela Agência Sebrae de Notícias.

