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Evento destaca desafios de mulheres na hora de empreender

Experiências foram compartilhadas no Casa Clã Finanças, promovido nesta quarta (24), em São Paulo, pela revista Claudia com patrocínio do Sebrae
Por Roberta Jovchelevich
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Se empreender, por si só, é uma tarefa desafiadora, para as mulheres é muito mais. A constatação foi unânime entre a empreendedora baiana Monique Evelle, fundadora da plataforma Inventivos e jurada do programa Shark Tank Brasil, a gestora de Marketing de Influência do Sebrae, Karla Carbonera, e da Heloiza Rodrigues, analista da Unidade de Capitalização e Serviços Financeiros do Sebrae Nacional.

As três participaram de um concorrido bate-papo dentro do evento Casa Clã Finanças, promovido pela revista Claudia, com patrocínio do Sebrae, nesta quarta-feira (24), na capital paulista. “Só o machismo justifica as dificuldades das mulheres na obtenção de crédito, mesmo elas sendo melhores pagadoras”, afirmou Carbonera.

No Brasil, existem mais de 10 milhões de donas de negócio. Dessas, apenas 2,57 milhões já acessaram empréstimo no sistema financeiro, correspondendo a pouco mais de um terço do total. Um dos fatores que dificultam essa tomada de crédito são os juros praticados pelo mercado. Estudo inédito feito pelo Sebrae Nacional, com base em dados do Banco Central, revelou que, enquanto nos financiamentos contratados pelos donos de pequenos negócios a taxa média foi de 36,8% ao ano, para o público feminino fica em 40,6%.

Outra análise, feita pela Aliança Empresarial Feminina do Brics – grupo de economias emergentes do qual o Brasil faz parte -, em parceria com o Sebrae e a Confederação Nacional da Indústria, aponta que mulheres empreendedoras enfrentam, de forma consistente, barreiras sociais, culturais e de gênero para acessar crédito em vários países, apesar do indicador de inadimplência feminino ser de 2% contra 6% entre o público masculino.

Para Monique, a dificuldade de obtenção de empregos estáveis para uma parcela considerável da população feminina é o obstáculo inicial que acaba por levar as mulheres a inovarem na busca por renda.

Quando nasce uma mãe, nasce uma empreendedora. Porque o mercado de trabalho expulsa a gente.

Monique Evelle, fundadora da plataforma Inventivos

Heloiza complementou que muitas mulheres montam um negócio por necessidade, especialmente as mulheres periféricas. “Elas empreendem muitas vezes porque estão saindo de um relacionamento. Mas não têm bens, ou seja, garantias, para obter uma linha de financiamento que possibilite começar um negócio.”

A fim de facilitar essa questão, o Sebrae criou ferramentas específicas para o público feminino. Desde o final do ano passado, o programa Acredita Delas permite o aval de 100% do valor em operações de crédito para mulheres em instituições financeiras que integram o Programa Acredita do governo federal.

Por meio do Fundo de Aval para Micro e Pequena Empresa (Fampe), diversas instituições bancárias de todo o país estão aptas a ofertar os recursos que foram estimulados com o aporte de R$ 2 bilhões do Sebrae.

Foto: Túlio Vidal

Casa Clã Finanças

Em sua primeira edição, o evento reuniu mulheres de destaque em diversas áreas de atuação para compartilharem experiências sobre organização financeira e empreendedorismo.

Ainda hoje, no crédito e nas finanças, o universo feminino enfrenta desigualdades. É um processo longo de conquista de espaços. Vale lembrar que, apenas em 1962, as mulheres obtiveram o direito de abrir conta em banco sem a autorização de um familiar do gênero masculino.

O Sebrae apoia as mulheres nessa jornada por autonomia financeira, oferecendo também cursos e consultorias. Para auxiliar na gestão, disponibiliza a Planejadora Sebrae, que organiza contas, analisa indicadores, simula cenários e avalia o impacto de cada decisão no futuro e na solidez da empresa.

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