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Cooperativas de crédito são parceiras estratégicas para o desenvolvimento dos municípios

Último dia do Transformar Juntos destacou como essas instituições, presentes em mais de 3 mil cidades, fortalecem pequenos negócios e ajudam a manter a riqueza localmente
Por Cibele Maciel
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As discussões sobre como as cooperativas de crédito podem ser parcerias da gestão pública e do setor produtivo para alavancar o desenvolvimento local foram destaque no último do evento Transformar Juntos 2025, realizado pelo Sebrae nesta sexta-feira (25), em Brasília (DF). No Brasil, 15% dos associados desse tipo de instituição financeira são empresas, sendo que mais de 90% delas são pequenos negócios.

Os dados foram compartilhados pelo gerente de Relações Institucionais do Sicoob Central Crediminas, Alessandro Chaves, um dos palestrantes do painel “Cooperativas de Crédito e Prefeituras – gerando e mantendo riqueza nos municípios”.

Segundo Chaves, atualmente 3,2 mil municípios brasileiros possuem uma cooperativa de crédito. Ele também chamou atenção para o papel das cooperativas de crédito como financiadoras do setor produtivo, além de oferecer benefícios econômicos para os entes públicos.

O grande diferencial é que as cooperativas de crédito estão dispersas pelo país e são vocacionadas para o desenvolvimento local. Em muitos municípios, a base de associados como pessoa jurídica chega a 30%, o que mostra essa natureza das cooperativas de atuar junto ao setor produtivo.

Alessandro Chaves, gerente de Relações Institucionais do Sicoob Central Crediminas.

O painel também contou com a presença de Anne Camila Knoll, coordenadora-geral dos Sistemas de Contratos e Patrimônio no Ministério da Gestão e da Inovação (MGI). Ela explicou como funciona o AntecipaGov, programa de antecipação de recebíveis do governo federal que está em fase de expansão com adesão de estados e municípios. A iniciativa é considerada importante ferramenta no fomento à participação dos pequenos negócios nas compras públicas.

“O AntecipaGov permite que os fornecedores em contratos com a administração pública possam antecipar até 70% dos valores de seus contratos com juros facilitados, e que o pagamento desses contratos garanta o pagamento das instituições financeiras dessas operações”, explicou a representante do MGI.

Ronaldo Vieira apontou a capilaridade das cooperativas em pequenos municípios. Foto: Larissa Carvalho.

Para contribuir com o debate sobre a geração e manutenção de riqueza nos municípios, o chefe-adjunto do Departamento de Promoção da Cidadania Financeira do Banco Central, Ronaldo Vieira da Silva, também participou do painel.

Segundo ele, as cooperativas de crédito são o único ponto de ligação com o sistema financeiro em 469 municípios do país e 86% delas se preocupam com a educação financeira de seus associados. “Nós observamos que é uma atuação consistente, com capacidade de gerar desenvolvimento e de fato transformar a vida das pessoas”, comentou.

O debate foi conduzido pela analista do Sebrae de Minas Gerais Débora de Souza, que atua na área de promoção de serviços financeiros, contribuindo para a melhoria do ambiente de negócios no estado.

Anne Knoll explicou o funcionamento do AntecipaGov. Foto: Larissa Carvalho.

Chamado para o futuro

O encerramento do Transformar Juntos 2025 também foi marcado por reflexões sobre a construção do futuro com uso de tecnologias emergentes conectadas com saberes ancestrais. Para isso, o Sebrae promoveu diálogo entre Aza Njer, pós-doutora em filosofia africana, e Ricardo Cappra, pesquisador de cultura analítica, autor e empreendedor.

Aza Njer provocou a plateia do auditório principal a pensar como as filosofias africanas e afrobrasileiras podem contribuir para o futuro.

É muito importante que as políticas públicas possam ser agentes de ‘antidesumanização’ radical. Pensar política pública é entender a necessidade de intervir nesse processo, garantindo a inegociabilidade dessas humanidades e de tudo que tem força vital.

Aza Njer, pós-doutora em filosofia africana.

Ela explicou que a desumanização radical se manifesta de várias maneiras, como falta de acesso à saúde, falta de alimentação de qualidade e violência, por exemplo.

Cappra, por sua vez, discutiu como as transformações tecnológicas, principalmente na perspectiva dos avanços da Inteligência Artificial (IA), impactam a maneira como as pessoas interagem em sociedade. Sua apresentação tratou da síndrome de Frankenstein e o medo de IA.

“A minha provocação é que possamos compreender o que está acontecendo no mundo ao nosso redor com dados, informação e tecnologia porque, ao contrário, somente vamos enxergar os monstros ao nosso redor”, observou.

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