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Cristais de Cristalina (GO) conquistam Indicação Geográfica

Produtos receberam reconhecimento do Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) na categoria Indicação de Procedência
Por Rafael Baldo
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Os cristais de quartzo produzidos em Cristalina (GO) receberam o reconhecimento de Indicação Geográfica (IG). Reconhecido com a Indicação de Procedência (IP) pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), o produto é a 138ª IG nacional.

Foi uma conquista muito importante para nossos garimpeiros, artesãos e para a nossa cidade. Temos a maior reserva de cristal do mundo, mas ainda não tínhamos um documento que pudesse reconhecer de forma oficial. Agora, com a indicação de procedência da IG, podemos emitir o selo de origem do nosso Cristal.

William Souto, vice-presidente da Associação dos Artesãos de Cristalina.

A cidade foi oficialmente nomeada a Capital Goiana dos Cristais, em 2024. A lapidação dos cristais e o turismo relacionado correspondem entre 5% e 10% do PIB do município, segundo o governo local.

O que diferencia o mineral da região é a variação do cristal, chamado de lemuriana. Ele é caracterizado por uma série de linhas, parecidas com códigos de barras. Segundo a coordenadora de Tecnologias Portadoras de Futuro do Sebrae, Hulda Giesbrecht, esse reconhecimento tem o potencial de ampliar o desenvolvimento da região, por meio de agregação de valor ao produto, geração de emprego e renda e aumento do fluxo de compradores e de turistas no território.

“Com a IG, Cristalina ganha reconhecimento nacional, podendo atrair mais interessados no produto e incentivando a região a investir na lapidação do cristal e em outras atividades relacionadas, como o turismo”, avalia Hulda.

Foto: Prefeitura de Cristalina.

Cidade dos Cristais

Os bandeirantes paulistas encontraram, em 1797, uma serra com uma enorme quantidade de cristais de rocha de todos os tipos e tamanhos espalhados pelo chão. Como o intuito era encontrar ouro, o mineral da região não foi explorado.

Em 1879, dois franceses, Etienne Lepesqueur e Léon Laboissière, enviaram amostras de cristais para Paris, onde foram vendidas por bom preço. Devido à pureza e qualidade, os cristais foram transformados em instrumentos de ótica e peças de artesanato para enfeitar as casas da burguesia francesa.

A partir daí, trabalhadores e comerciantes formaram o Arraial de São Sebastião da Serra dos Cristais, elevado à categoria de município em 1917. Segundo a Associação dos Artesãos de Cristalina, a atividade de lapidação e comercialização dos cristais permitiu a criação do Mercado do Cristal, especializado na venda de itens produzidos na cidade.

Sede do Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), no Rio de Janeiro (RJ). Foto: Divulgação.

Indicações Geográficas

As Indicações Geográficas (IG) são ferramentas coletivas de valorização de produtos tradicionais vinculados a determinados territórios. Elas possuem duas funções principais: agregar valor ao produto e proteger a região produtora. O sistema de Indicações Geográficas promove os produtos e sua herança histórico-cultural, que é intransferível.

Essa herança abrange vários aspectos relevantes: área de produção definida, tipicidade, autenticidade com que os produtos são desenvolvidos e a disciplina quanto ao método de produção, garantindo um padrão de qualidade. Tudo isso confere uma notoriedade exclusiva aos produtores da área delimitada.

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