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Avanços do Brasil no empreendedorismo feminino podem ser modelo para países do Brics

Relatório apresentado pelo Sebrae destaca iniciativas que alavancaram o acesso a crédito e turbinaram a preparação de donas de negócios brasileiras
Por Barbara Duffles
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A desigualdade de gênero no empreendedorismo é um problema comum entre todos os países do Brics, mas iniciativas implementadas pelo Sebrae no Brasil podem inspirar outros membros do grupo. É o que mostra o relatório “Mulheres empreendedoras em movimento: superando barreiras de crédito”, lançado pelo Sebrae nesta sexta-feira (4) durante a plenária da Aliança Empresarial de Mulheres do Brics (WBA, na sigla em inglês para Women’s Business Alliance of Brics), no Rio de Janeiro.

“Não só no Brasil, mas em todos os países do grupo, as mulheres têm mais dificuldades de acessar o crédito (para investir em seus negócios). Elas recebem menos recursos e, quando recebem, pagam mais juros”, disse Georgia Nunes, gerente de Empreendedorismo Feminino, Diversidade e Inclusão do Sebrae, que participou da plenária, realizada no Museu de Arte do Rio (MAR).

Georgia Nunes, gerente de Empreendedorismo Feminino, Diversidade e Inclusão do Sebrae. Fotos: André Cyriaco

A diferença entre as taxas de juros aplicadas para homens e mulheres é alta, segundo dados do Sebrae. Mulheres brasileiras que chefiam pequenos negócios pagam em média 29,3% ao ano, contra 20,3% para homens. Além disso, o valor médio do empréstimo aprovado para mulheres é R$ 13 mil a menos do que para empresas lideradas por empreendedores do sexo masculino.

“É um preconceito que não se justifica, já que, segundo dados do Serasa, as mulheres são melhores pagadoras do que os homens”, completou Georgia.

Além da discriminação financeira, há ainda fatores sociais que agravam a situação, como o fato de as mulheres brasileiras dedicarem em média 21,4 horas por semana a tarefas domésticas, limitando tempo e energia para atividades de negócios.

Apesar da situação brasileira estar longe da ideal, o relatório mostra que iniciativas promovidas pelo Sebrae estão ajudando a mudar este cenário. Um exemplo é a “Caravana Sebrae Delas”, que percorre o Brasil incentivando o empreendedorismo entre mulheres, e a oferta de garantia de 100% aos empréstimos solicitados por donas de negócios por meio do Fundo de Aval às Micro e Pequenas Empresas (Fampe), coordenado pela entidade.

“O que a gente percebeu é que, como geralmente o patrimônio e os bens ficam no nome dos homens, as mulheres não têm como dar em garantia para esses empréstimos. Com este programa, percebemos que o crédito aumentou. Em apenas três meses, quase R$ 54 milhões foram concedidos com aval de 100%”, disse Georgia, ressaltando que a intenção é rodar os 27 estados brasileiros com o programa.

O Sebrae Delas não se atém somente à garantia de empréstimos. Segundo a gerente do Sebrae, o programa desenvolve ainda capacitação, treinamento sobre economia financeira, divulgação da sua própria imagem e elevação da autoestima da mulher.

As iniciativas promovidas pelo Sebrae no Brasil podem inspirar os outros países do BRICS. Há situações mais críticas como a da Etiópia, por exemplo. Segundo o relatório, as mulheres têm dificuldade de acessar suas finanças, já que as contas bancárias estão registradas nos nomes dos maridos.

O Sebrae é uma instituição única no mundo para os pequenos negócios. Nós fazemos muita diferença no nosso país. O objetivo deste caderno foi mapear a realidade, o cenário, a fotografia dos demais países do BRICS e, com isso, esperamos conseguir implementar políticas semelhantes às do Brasil, Georgia Nunes, gerente de Empreendedorismo Feminino, Diversidade e Inclusão do Sebrae.

De acordo com Georgia, o relatório se firma como um primeiro passo e um chamado aos outros países do BRICS, para que continuem pesquisando políticas e iniciativas que facilitem o acesso ao crédito para mulheres.

Concurso de startups teve mais de mil projetos inscritos

Com a expertise de quem realiza o Prêmio Sebrae Mulher de Negócios desde 2004, o Sebrae organizou a edição de 2025 do concurso de startups lideradas por mulheres nos países do Brics. Georgia falou sobre o concurso durante a plenária, diante de uma plateia formada por representantes do Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul, Egito, Etiópia, Indonésia, Irã e Emirados Árabes Unidos.

“Nós batemos o recorde de inscrições. Foram mais de mil inscritas vindas de todos os países do bloco. Ao final, nós temos 18 finalistas, sendo nove brasileiras e nove estrangeiras, que estão aqui no Rio para receber esse prêmio”, destacou Geórgia. De acordo com a gerente, as empreendedoras fizeram nos últimos dias visitas técnicas  em incubadoras e também ao Sebrae Rio, para que conhecessem os projetos de tecnologia e inovação da instituição.

“Mulheres não são apenas participantes, mas protagonistas das inovações que buscamos”, finalizou a gerente do Sebrae. A premiação das finalistas será neste sábado (05) durante a programação relacionada à Cúpula do Brics, no Rio de Janeiro.

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