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Transferência de renda impulsiona a economia

Artigo detalha desenvolvimento econômico e desafios do Brasil em 2025
Por Décio Lima, presidente do Sebrae
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Há um consenso quando o assunto é desenvolvimento econômico dos países: para ser competitivo mundialmente, é preciso aumentar a complexidade produtiva, produzindo bens e serviços mais avançados tecnologicamente, que exigem maior conhecimento, inovação e especialização.

Essa reflexão se faz necessária, já que o modelo econômico mundial mudou. Não vivemos mais no fordismo, o sistema mecanicista de produção em série moldado no modelo fabril. Hoje, a economia tem como pilar o digital. Dessa forma, apesar das críticas de que o Brasil sequer fez sua revolução industrial, o mais importante é que o país continue a construir seu próprio caminho, com base em suas riquezas e vantagens competitivas.

É fato que a economia brasileira voltou a crescer — estamos avançando novamente. Em 2024, o Produto Interno Bruto cresceu 3,4% em relação a 2023. O Brasil obteve o 4º maior crescimento entre os países do G20, ficando atrás da Índia (6,53%), da Indonésia (5,03%) e da China (5,00%).

No mesmo ano, a taxa anual de desemprego foi de 6,6%, o menor índice desde 2012. Além disso, 24,4 milhões de pessoas saíram do Mapa da Fome, e a renda das famílias brasileiras cresceu 9,3% em 2024.

O presidente Lula e o vice-presidente Geraldo Alckmin foram estratégicos ao estruturar a política produtiva do país em missões. Não se trata de refazer o caminho percorrido pelos países desenvolvidos para alcançar o crescimento, mas sim de construir uma Nova Indústria Brasil. Isso significa buscar o modelo próprio. O que funcionou para Taiwan não será necessariamente, a solução para o nosso país. Países como Holanda, Japão e Coreia do Sul alcançaram um alto padrão de vida por meio da sofisticação produtiva, cada um com suas peculiaridades.

E o Brasil? Avançamos em vários aspectos, e o primeiro deles foi resgatar o pleno emprego. Saímos do abismo em que nos encontrávamos e, hoje, já podemos afirmar que o país está construindo seu próprio modelo, o “made in Brazil”.

O que é bom para o Brasil é bom para o Brasil. Temos nossa cultura, nosso jeito, nosso próprio molejo, curvas, retas e encantos. Não podemos simplesmente comparar e valorizar o que vem de fora sem considerar nossas particularidades.

O desafio atual é outro: melhorar a qualidade dos empregos, elevar a qualificação da população e aumentar o nível de inovação das empresas brasileiras. Só assim será possível elevar os salários de forma sustentável, uma vez que o desafio mais urgente já foi superado: o pleno emprego.

A pergunta que surge é: por que os holandeses conseguem ganhar R$ 25 mil por mês? O que eles fazem que ainda não conseguimos fazer? Os japoneses, inspirados em sua cultura resiliente, disciplinada e obstinada, encontraram seu modelo na imitação, o modelo de copiar (transferência tecnológica) e aprimoraram, em muitos casos, fizeram melhor.

O Índice de Complexidade Econômica pode ser um excelente indicador para o desenvolvimento de modelos regionais no Brasil, um país de dimensões continentais.

Esse índice permite mensurar, de forma objetiva e comparável, a estrutura produtiva de um país, estado, microrregião ou até mesmo de um município. Esse indicador é especialmente relevante para o ecossistema do Sebrae, pois possibilita medir a complexidade econômica de forma regionalizada — e, com isso, orientar políticas públicas e estratégias de desenvolvimento mais eficazes.

Já superamos parte dos problemas de curto prazo: retomamos o crescimento e reduzimos o desemprego. A transferência de renda já impulsiona a economia do país. O que promove o desenvolvimento é a sofisticação da estrutura produtiva, e o Brasil trabalha nesse sentido, buscando sua própria transformação por meio de políticas estruturantes, inovação, apoio aos pequenos negócios e diversificação qualificada.

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