Apostar no mercado de sorvetes tem se mostrado uma boa alternativa para quem planeja abrir o próprio negócio. É o que indica a pesquisa realizada pelo Sebrae em parceria com a Associação Brasileira das Indústrias e do setor de Sorvetes (ABIS). Diante do bom momento, a imensa maioria dos donos de pequenos negócios afirmou que pretende fazer um ou mais investimentos neste ano. De acordo com o levantamento, para 40% dos entrevistados, a divulgação do negócio é prioridade, seguido da modernização da empresa, com novos produtos e processos (33%). Ampliar a capacidade produtiva ou de atendimento é um investimento previsto para 30% dos empreendedores do ramo e apenas 8% vão optar por fazer uma reserva para emergências, em lugar de investir.
A pesquisa revelou ainda que, em média, somente 2 em cada 10 empreendedores tiveram prejuízo na operação da empresa em 2022. Do restante, 46% tiveram lucro e 35% empataram receitas e despesas. O melhor resultado foi registrado no setor industrial, onde 52% dos negócios registraram lucro. No caso das empresas que atuam no comércio ou serviço, esse número foi menor (43%).
Além disso, a maioria dos empreendimentos conseguiu igualar ou até ampliar o faturamento na última temporada (de setembro de 2022 a fevereiro de 2023) em comparação ao período anterior (de setembro de 2021 a fevereiro de 2022). Para 43% o faturamento foi melhor e para 29% se manteve estável. Nesse aspecto, mais uma vez, o setor da indústria alcançou resultados mais favoráveis: 54% dos entrevistados declararam ter tido um faturamento melhor este ano.
A analista de Competitividade do Sebrae Nacional, Mayra Viana, destaca que o setor de sorvetes apresenta muitas oportunidades para os pequenos negócios, pois são vários modelos de negócios que podem se enquadrar nessa cadeia produtiva. Isso inclui possibilidades de atuação no fornecimento de insumos adequados, na fabricação, na distribuição e na venda ao consumidor final.
Quem tiver interesse em entrar nesse segmento deve ficar atento às possibilidades de inovação que atendem ao consumidor moderno. A nova rotulagem nutricional frontal, por exemplo, pode impulsionar ainda mais a busca por alimentos nutricionalmente melhores, e os pequenos negócios tendem a adequar mais rápido seus produtos e saírem na frente.
Ainda de acordo com a analista do Sebrae, ter um direcionamento de negócio voltado para a inovação e para o acesso a mercados é algo extremamente positivo. “Essa postura pode ser um diferencial competitivo importante, pois permite que as empresas se destaquem oferecendo produtos alinhados às demandas do consumidor, como produtos mais saudáveis, sustentáveis e com sabores diferenciados”, acrescenta Mayra.
O presidente da ABIS, Eduardo Weisberg, considera que os resultados refletem o momento positivo, principalmente para as gelaterias e sorveterias. Segundo ele, os empreendedores conseguiram se reinventar para atender os clientes que estão mais informados e atentos à qualidade do que consomem.
O segmento está mais conectado com a sua clientela e está percebendo que mais qualidade, inovação e transparência na fabricação dos produtos é fundamental para o crescimento e diferenciação perante os demais do mercado.
Melhor recuperação da indústria
Para Mayra Viana, os melhores resultados para o setor industrial podem ter sido influenciados pela rápida e menos conturbada retomada do consumo dentro do lar se comparado ao consumo fora do lar. “A demanda por sorvetes industrializados adquiridos em supermercados, por exemplo, pode ter sido mais aquecida do que a venda presencial em restaurantes, lanchonetes e sorveterias. Além disso, o ramo de comércio e serviços apresenta alguns desafios adicionais, como estoque, atendimento e marketing digital, que podem ter impactado negativamente a percepção de desempenho, avalia a analista.
O presidente da ABIS ressalta que os empreendedores que desejam entrar neste segmento devem analisar diversos aspectos do negócio antes de abrir a empresa. “A primeira dica é: definam o tipo de empreendimento, porte, público-alvo, área de atuação que desejam possuir, estudem o local e o investimento necessário antes de abrir o negócio. Estejam prontos para as eventualidades que, com certeza, irão acontecer, e para tal tenham reservas, se profissionalizem e, principalmente, insistam em empreender”, alerta.
O levantamento on-line foi realizado entre os dias 13 e 27 de abril, com a participação de fabricantes de sorvetes e outros gelatos, representantes do comércio atacadista do setor, donos de comércios varejista de produtos alimentícios em geral, bem como padarias e confeitarias com predominância de revenda.
Contas em dia
A pesquisa aponta que as MPE que atuam no ramo de sorvete estão com dívidas ou empréstimos sob controle. De acordo com a pesquisa, 47% dos empreendedores afirmaram que as empresas estão em dia e 35% responderam que não possuem dívidas ou empréstimos em aberto.
Confira abaixo mais informações sobre o perfil do empreendedor e do setor:
- Idade: Maioria tem entre 36 e 45 anos (31%).
- Gênero: 67% são homens.
- Escolaridade: 49% possuem ensino superior completo.
- Tempo de fundação da empresa: Maioria das empresas com mais de cinco anos de fundação (71%).
- Abrangência de mercado: 68% comercializam em nível local/município.
- Faixa de faturamento em 2022: 96% das empresas têm faixa compatível com o Simples Nacional.