O famoso Bordado de Caicó está novamente em destaque nacional. Desta vez participando de um evento internacional, o Origens Brasileiras Artesanato – I Evento Internacional de Indicações Geográficas de Artesanato, que aconteceu nesta quinta (29) e sexta-feira (30), no Centro Sebrae de Referência do Artesanato Brasileiro (CRAB), no Rio de Janeiro. Durante dois dias, o seminário debateu potencialidades e desafios das Indicações Geográficas (IG) e reunindo especialistas brasileiros, do Peru, Colômbia, México e França.
Além de uma vasta programação de palestras, foram realizados painéis com a participação de representantes de grupos de artesãos e especialistas no assunto. Na tarde desta sexta-feira (30), a presidente do Comitê Regional das Associações e Cooperativas Artesanais do Seridó (CRACAS), Iracema Nogueira Batista, falou sobre a IG do Bordado de Caicó, no Painel Entrenós, juntamente com a artesã Petrúcia Lopes, que falou sobre o Bordado Filé da IG Região das Lagoas Mundaú Mangaba, em Alagoas, tendo como mediador o analista técnico do Sebrae-RN, em Caicó, José Rangel de Araújo.
Na opinião da artesã Iracema Nogueira, o evento é uma oportunidade ímpar que nos como bordadeiras do bordado de Caicó mostramos para o mundo inteiro o nosso saber fazer que muito nos orgulha e nos oferece sustentabilidade econômica e bem-estar.
“A função do Sebrae é fomentar e acolher a produção do artesanato. Não apenas pelo seu valor de acumulação, no contexto da renda. Mas porque é a exaltação da alma das pessoas, que vai da arte à produção econômica, que luta permanentemente pelas raízes culturais do povo brasileiro”, declarou o presidente do Sebrae Nacional, Décio Lima.
Demonstrando o bom momento no Brasil, o presidente do Iphan, Leandro Grass, comentou o crescimento do investimento em patrimônio imaterial: “Foram R$ 1,7 milhão de investimento no ano passado e temos previsão de investir R$ 22 milhões em 2023. Sabemos que a cultura popular e a forma de fazer produzem sustentação econômica”.
Importância das IGs
-
Nesta sexta-feira, representantes do Rio Grande do Norte participaram do Painel EntreNós para destacar os Bordados de Caicó: Iracema Batista e o analista técnico do Sebrae-RN Rangel Araújo. Eles dividiram o palco com
Petrúcia Lopes, que falou sobre o Bordado Filé da Região das Lagoas Mundaú, em Manguaba (AL).
As Indicações Geográficas são um registro que identifica regiões associadas a produtos que possuem características específicas por conta de sua origem. Devido a essa relação com o território e sua herança histórico-cultural, só é possível produzir tais produtos naquela área em questão. A intenção, com as IGs, é proteger a região produtora e tornar o produto mais valorizado no mercado.
Após o reconhecimento de regiões com potencial, o Sebrae acompanha os artesãos no processo de solicitação do registro. Em primeiro lugar, faz um diagnóstico da área e ajuda na estruturação dos negócios. Em seguida, auxilia na criação do ambiente legal e economicamente favorável. Por fim, age na divulgação e distribuição dos produtos.
O artesanato brasileiro tem 12 Indicações Geográficas. São elas: artesanato em capim dourado da Região do Jalapão do Estado de Tocantins (TO); as panelas de barro de Goiabeira (ES); as peças artesanais em estanho de São João Del Rei (MG); as opalas e joias artesanais de Pedro II (PI); os têxteis em algodão naturalmente colorido da Paraíba (PB); a renda irlandesa da região de Divina Pastora (SE); a renda renascença do Cariri Paraibano (PB); o bordado filé da região das Lagoas Mundaú-Manguaba (AL); o bordado de Caicó (RN); as joias artesanais em prata de Pirenópolis (GO); a produção têxtil de Resende Costa (MG) e as redes de Jaguaruana (CE).